Entrevista com Evandro Mesquita
Evandro Mesquita, carioca, cantor, ator e compositor segue à frente da Blitz comandando desde o seu início. Com muitas histórias para contar e olhando sempre para frente, ele concedeu essa entrevista onde fala um pouco do passado, mas com um pé no futuro da Blitz .
Por Josué Júnior
Você começou no grupo teatral “Asdrúbal Trouxe o Trombone”, sei que já faz muito tempo. Mas, ao ver os componentes desse grupo, voando nos palcos, fica um Dejavú de reuni-los? A Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães, Prefeito Fortuna, e outros, para uma releitura da peça “Trata-me Leão”?
Evandro Mesquita:
Muito difícil, a essa altura do campeonato. Éramos quase adolescentes descobrindo a vida através da arte, com muito amor, dedicação e pouca grana… Mas com muita alegria por estar escrevendo nossa história e nos colocando nos papéis principais de uma criação coletiva, de muito prazer por fazer parte de um time muito especial de pessoas que continuam até hoje atuando na cultura brasileira de diversas formas.
Nos anos 80 surgiu muita gente boa produzindo. Essa geração teve uma baixa logo no seu inicio, que foi Júlio Barroso, da Gang 90, que ele era uma referência da sua época. Como foi para você a perda do Júlio Barroso? E se ele estivesse vivo, você acredita que muita coisa iria mudar no cenário cultural de hoje?
Evandro Mesquita:
Júlio foi importantíssimo com seu humor, irreverência e poesia, atuante mais em Sampa, e nós mais no Rio. O Billy, nosso tecladista até hoje, tocou na Gang. No meu primeiro show, toquei numa banda em que o Gigante, baterista da Gang, era o batera. Até o Lobão tocou, num show no Morro da Urca em que o Gigante tinha perdido o voo e Júlio perguntou se tinha um baterista na plateia. O Lobão se apresentou e depois virou nosso batera, ajudando com sua casa para ensaios e batizando a Blitz.
A Blitz influenciou muitos jovens e mexeu com pelo menos duas gerações, se mantendo ativa até hoje. Com todo esse tempo de estrada, qual é o legado da Blitz?
Evandro Mesquita:
O sucesso do primeiro compacto “Você não Soube Me Amar” e sua venda de mais de um milhão de cópias, fez com que as gravadoras abrissem as portas pra bandas de todo país e mudou o panorama das rádios também.

Foto : Divulgação
Na TV, você por um longo tempo fez a Grande Família. Ficar preso a um personagem por muito tempo deixa alguma saudade? Ou você de vez em quando encarna o Paulão?
Evandro Mesquita:
A Grande Família foi sensacional. Era uma ilha dentro da Globo e um time excelente de atores. Sinto saudades e orgulho de ter participado dessa série que até hoje é uma referência forte e lembrada com tanto carinho pelas pessoas.
Hoje em dia, estamos vivendo um novo momento com maior liberdade de expressão. Lembro que a Blitz teve algumas de suas músicas censuradas em seu primeiro LP (vinil), inclusive quando se abria o LP percebia-se que tinha um risco nas faixas onde a agulha não conseguia passar. Como foi lidar com esse momento vergonhoso da história do Brasil?
Evandro Mesquita :
Pois é, censura e ditadura! Falávamos nas entrelinhas pra nossa galera e achávamos que só Chico, Caetano e Gil sofriam cortes. Mas fomos premiados com duas músicas censuradas e riscamos a máster do vinil pra que o público soubesse a agressão que estávamos sofrendo. No segundo disco também tivemos músicas censuradas e então escrevi uma carta com minha mãe, que era decana da UFRJ em Letras, falando para a censora Solange que os palavrões eram um tipo de poesia mais coloquial, que era um documento histórico de uma época, etc, etc e ela liberou.
- Foto : Divulgação
Fazendo uma reflexão do momento que estamos vivendo, qual seria sua dica para o jovem que está nas ruas se manifestando em prol de um Brasil melhor?
Evandro Mesquita:
Vale a luta por um Brasil melhor sempre! Principalmente pelas dez medidas contra corrupção do MPF, pra passarmos a limpo e varrer os falsos políticos que infelizmente são a grande maioria.
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