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Uma bala, uma vida.

 

 

Agatha Vitória Sales Felíx, uma menina de 8 anos de idade cheia de vida e sonhos; vida está que teve seu fim de forma trágica com um tiro de bala perdida. Essa tragédia ficou comum em uma cidade em guerra e a cada dia tem um novo relato de bala perdida onde um inocente é vitimado. Dessa vez foi Agatha, uma menina de 8 anos que foi alvejada pelas costas dentro de uma Kombi.

Quando comecei a realizar meu projeto fotográfico “Olhares da Perda” em 2003, o Instituto Gabriela Sou da Paz dirigido pela Cleyde Prado e Carlos Santiago, pais da Gabriela que também foi vítima de bala perdida. Criaram uma ONG chamada Gabriela sou da paz, com o intuito do nome da filha, não ser esquecido como mais uma vitima de violência virando estatística, por essa razão Cleyde e Santiago, realizaram várias manifestações, com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população brasileira. Lembro bem que era uma marca dos eventos ter a camiseta com o rosto estampado da vítima feita pela família, foram muitas missas, passeatas, atos e até encontros com autoridades até o ano de 2013, onde recebi uma ameaça  por ter fotografado uma vítima de violência e ter divulgado a foto. Depois de resolvido o problema, não voltei mais a fotografar esse projeto.

 Já se passaram seis anos que parei de fotografar o projeto e a cada ano as vítimas de violência não param de subir nas estatísticas. Outro caso de notoriedade foi  o caso João Roberto, onde uma ação policial vitimou um menino de 3 anos destruindo uma família. Poderia relatar muitos casos que já fotografei, mas ficaria um texto muito extenso.

Infelizmente, hoje foi Agatha de 8 anos, o amanhã ninguém poderá prever, mas todos estamos sujeitos a riscos.

Vivendo em uma cidade partida, onde a dor de quem vive em área de risco não chega até a zona sul carioca, cujo pib é alto e o investimento em segurança também, e com isso, não temos igualdade nessa guerra. Não adianta acreditar que tudo irá melhorar, é preciso começar a realizar. Sei como é difícil chamar a atenção para esse problema tão penoso em que vivemos, e ainda existe a falta de tudo, inclusive falta de investimento na segurança para capacitar melhor nossos policiais. Não acredito em dias melhores para esse problema, acredito que teremos dias mais difíceis. Segue meu pesar à família de Agatha e com esse gesto me solidarizo a todas as famílias que perderam seu ente querido.

Deixo aqui meu apelo por dias melhores!

Sobre Josué Bittencourt (1122 artigos)
Josué Bittencourt, carioca, pós- graduado pela faculdade Cândido Mendes. Atua no mercado com sua empresa Arte Foto Design é proprietário do site de conteúdo Linkezine. Registro Profissional: MTb : 0041561/RJ

4 comentários em Uma bala, uma vida.

  1. Belo texto amigo Josué. Tudo muito triste mas é a nossa realidade, infelizmente. Você está fazendo a sua parte. Isto é que vale.

  2. Lizete de Paula // 22/09/2019 às 10:01 pm // Responder

    Texto muito bom, Josué! Mas temos que responsabilizar quem está promovendo essa alta taxa de mortes hoje, nas comunidades. Com um governador que é fotografado armado até os dentes e que fala o tempo todo em abate, será dai para pior. Meus sentimentos à família da Agatha.

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