Entrevista com a Fotógrafa Nana Moraes
Com vocês Nana Moraes!
Nana, você como todos os artistas desse Brasil, vem sofrendo pela falta de investimento no setor Cultural. Lula apalavrou com o setor cultural a volta do Ministério da Cultura. Como você visualiza o impacto positivo que o Ministério da Cultura poderá dar ao setor?
Nana: Sinto a esperança vibrando no ar! Sei que muito foi destruído, e que é muito mais difícil, e demorado, reconstruir do que destruir. Mas também sei que resistimos bravamente até aqui. Mesmo feridas, ainda temos a Lei Aldir Blanc, a Lei Paulo Gustavo, por exemplo, e que logo estarão recompostas e em ação. O que vejo é que em meio ao desgoverno o setor cultural literalmente deu as mãos, ficamos muito unidos. E, observe que não deixamos de produzir nem no auge da pandemia, com shows, teatros, debates on-line, Lives, etc. Mesmo sem qualquer, ou com pouquíssimo incentivo.
Com o desmonte do Ministério da Cultura do atual governo para secretaria, o setor perdeu força em vários seguimentos de cultura popular, sendo que apenas a música sertaneja ficou em destaque. Foram esquecidos vários gêneros como cordel, congada, samba de lenço, entre outras manifestações culturais. Para você o que não se pode faltar nesse novo Ministério da Cultura que o governo Lula pretende reativar?
Nana: Justamente temos que ter maior incentivo à cultura popular. Que no Brasil tem uma força impressionante. Os rituais, os movimentos, as festas populares, a arte de rua, a fotografia, a música, manifestações que constroem a identidade do país. Além da beleza, a historia contatada por seu povo, por diversos olhares e saberes tem força política. Não digo política partidária, e sim política no sentido mais profundo, no sentindo de estar e atuar no mundo.
Temos algumas leis que favorecem o seguimento como Lei Rouanet, Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc 2, sendo que as duas últimas o governo Bolsonaro vetou trechos impedindo pagamento de R$ 6,9 bilhões a Estados e Municípios. A ministra Carmen Lucia suspendeu o veto e o STF em maioria, decidiu manter a suspenção. Ler notícias como essa por quase quatro anos tirou sua vontade de criar?
Nana: Em nenhum momento parei de me movimentar, ou de criar, o que pra mim é a mesma coisa. Sem produzir, sem criar, sinto o mesmo que sufocar.
Você tem uma trilogia sobre mulheres marginalizadas, e já produziu com ela exposições, e além disso, um livro é projeto no qual você lida com a dor e com outros sentimentos desse tema. Pensando nessas mulheres e na dor que elas carregam, no final de cada sessão fotográfica realizada para o projeto, qual era a mensagem que ficava?
Nana: Tanto em Andorinhas, o primeiro livro da trilogia DesAmadas, onde me encontro com mulheres que trabalham como prostitutas de estrada; como em Ausência, o segundo volume da trilogia, em que me encontro com mulheres encarceradas, conheci pessoas corajosas, que sobrevivem à violência, ao preconceito, ao desrespeito, ao descaso. E que ainda assim, não deixam de sonhar, sorrir, amar … Pessoas de muita valentia, com histórias de vidas, densas, sofridas, complexas. E o que sinto, apesar de tantas diferenças, desigualdades, é que nosso encontro se dá verdadeiramente em nossa condição humana.


O ano de 2023 promete ser melhor para a cultura de forma geral. Dentro do Retrato Espaço Cultural você desenvolve muitas atividades culturais, por isso, quais as novidades que podemos esperar para o próximo ano?
Nana: Como disse, sinto a esperança no ar! O Retrato Espaço Cultural contará com uma programação bem diversa com exposições, muita música, oficinas, cursos… E, sempre com a preocupação de compartilhar manifestações da cultura popular.
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