Petrobras e Dividendos
A maior estatal brasileira começa o ano com grandes desafios. O primeiro, modificar sua política de preços dos combustíveis; o segundo, é começar um novo programa de energia limpa. Alguns especialistas no assunto, durante palestras, informaram que essa virada de chave levará bastante tempo. Produzir energia limpa é tudo que o mundo precisa, a questão é como associar essa nova tecnologia ao momento atual. Esse será um desafio para o novo presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, um ex-senador com boa reputação no seguimento de petróleo e gás. Do outro lado da mesa existem os acionistas ávidos para receber seus dividendos, afinal, quem investe quer retorno. Já Gleisi Hoffmann pensa diferente. A presidente do PT, em seu twitter nada amistoso, atacou o Ministro da Fazenda e companheiro de partido, com esse texto: “não somos contra taxar combustíveis, mas fazer isso agora é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir promessas de campanha”.
A meu ver, esse fogo amigo é para inglês ver. Ela pensa uma coisa e defende outra, mais do que ninguém ela sabe como estão as contas públicas e como Bolsonaro foi irresponsável ao realizar a suspenção dos impostos numa tentativa de ganhar as eleições. Esse fogo cruzado entre politicagem e mercado é apenas um teatro.
Lula tentou, mas não conseguiu agradar. O imposto permaneceu de forma parcial. O Pis/Confins foi retomado gradativamente e para manter a arrecadação, o governo anunciou uma taxa de 9,2% sobre exportação de petróleo cru, por quatro meses. Essa foi a saída para que o preço final, na bomba, não chegasse de forma abusiva. Para buscar uma saída, Lula se reuniu, no dia 27/02/23, com o ministro da casa Civil, o ministro da Economia e o presidente da Petrobras. A reunião foi longa e com muitas especulações por parte do mercado. A primeira especulação girou em torno de como Fernando Haddad sairia desse encontro: enfraquecido ou fortalecido.
Com o anuncio da volta do imposto, ainda que pela metade, o ministro da Economia saiu fortalecido e o mercado ficou mais ou menos agradecido. Os investidores gostariam de ver a volta do imposto de forma integral, dessa maneia os dividendos ficariam garantidos, mas entre realidade e expectativa, o que Lula encontrou foi um meio termo, jogando para o colo de Jean Paul Prates o problema dos novos reajustes. Prates prometeu auxiliar o governo na realização de uma nova política de preços, sem congelar os valores dos combustíveis. Essa política de congelamento antiga, da era Dilma, quase quebrou a maior estatal do Brasil. Esse é o temor de muitos investidores que viveram essa época, onde o discurso petista prevalecia pela política e não pela razão do mercado.
Jean Paul Prates deixou claro que tem a intenção de realizar ajuste de preços, sem comprometer os investidores. Com isso, a Petrobras continuará gerando lucro, ou melhor, distribuindo dividendos entre seus acionistas. A tarefa não é fácil e todos só irão conhecer a nova política de preços, em abril, momento em que o presidente da Petrobras fará o anúncio. Até lá, espero que a presidente do PT Gleisi Hoffmann não traga discursos demagogos atacando o Ministro da Economia, seu companheiro de partido, para simular um estranhamento de postura de Haddad. Simular é uma tática velha na política quando se quer ficar bem com os seus. É preciso ter mais maturidade para enfrentar desafios difíceis como esse que requer compreensão, sabedoria e estratégia. Gritar em palanques ou plataformas digitais já perdeu seu espaço. Para enfrentar inflação, altas de preços nas prateleiras e nas bombas de gasolina, sem levar ovada do povo, mostrará o quanto o PT aprendeu com os tempos difíceis de Dilma, quando o Brasil quase quebrou ao meio. Minha visão é simples: deixar Haddad trabalhar, sem ataques na área política e ter esperança que Jean Paul Prates trará um bom plano para a nova política de preço de combustíveis, assim teremos uma saída vitoriosa no final desse túnel, sem precisar tocar na lembrança dos tempos difíceis de Dilma.
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