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Entrevista com Lino Corrêa

O sergipano Lino Corrêa chegou ao Rio de Janeiro em 1982, para fazer um curso de especialização em Periodontia. No meio do caminho descobriu a arte, e por essa razão começou como modelo, ator de fotonovelas, ator de novelas, jornalista e escritor. Na correria dos seus atendimentos de dentista, fazia escola de teatro, escrevia, atuava, fotografava e desfilava, era tudo isso e mais um pouco. Até bem pouco tempo Lino interpretou o personagem Patiel, um líder tribal, na novela Terra Prometida, que foi ao ar na Rede Record. Em seu primeiro livro, “Dez Divas”, lançado em 2015, foi premiado pela Academia Carioca de Letras. Agora está com o seu segundo livro, “Os Dez homens de Vanguarda”. Ele segue sua divulgação já colhendo os frutos dos elogios que vem recebendo deste livro. Com vocês Lino Corrêa!!

                

Você chegou ao Rio de Janeiro para fazer um curso de especialização em Periodontia em 1982. Qual foi o gatilho que o levou para o curso de teatro, dando início à sua careira de ator?

Lino Corrêa: Eu já tinha uma atração pela dramaturgia, e quando criança interpretei personagens bíblicos na Igreja Presbiteriana de Lagarto (Sergipe). Creio que assistir a ótimos espetáculos teatrais morando no Rio de Janeiro reacenderam aquele sonho.

Irrequieto e amante das artes, logo você dava seus primeiros passos na minissérie Noivas de Copacabana, contracenando com Miguel Falabela. Em uma entrevista para uma tv de seu estado, Sergipe, você explica que quando chegou ao set para filmar a minissérie, seu perfil não era bem o que eles esperavam. Você ficou surpreso com a reação dos envolvidos no set? E como essa situação foi contornada?

Lino Corrêa: Sim, eu fui chamado para interpretar um porteiro de um prédio onde morava uma das noivas da trama. Tinham visto no meu cadastro que eu sou nordestino de Sergipe , mas não viram fotos minhas. Chegando pra gravar, a direção falou para a produção que queria um porteiro com perfil nordestino e que eu não tinha as características de um nordestino, então me perguntaram se eu podia fazer com sotaque. Entretanto acharam melhor eu fazer a cena com sotaque carioca mesmo. Fiquei surpreso porque somos um povo mestiço e no nordeste existem vários perfis de brasileiros, eu tenho ascendência portuguesa como milhões de brasileiros cariocas, paulistas e de outros estados.  

Você tem dois filmes polêmicos, um você faz um jornalista racista que entrevista Basquiat, e no outro você faz um político que divulga a cura gay através de uma pílula. Como foi fazer esses dois personagens bastante polêmicos, sem incluir sua visão desses assuntos nesses dois personagens?

Lino Corrêa: Creio que pra dar vida a um personagem é fundamental tentar desconstruir você, mesmo que o corpo e a voz sejam inevitavelmente seus. Para minha sensibilidade como artista foi um desafio mergulhar no universo desses personagens tão distanciados do Lino Corrêa, e o resultado foi compensador e reconhecido pela direção dos  dois filmes. No Pílula Cura Gay tivemos uma crítica elogiosa do nosso trabalho na Revista Época, e no filme, Um lugar para estar sobre o Basquiat, o público europeu que assistiu gostou do nosso trabalho.

Você também é jornalista, escreveu Dez Divas, um livro que fala de mulheres famosas que venceram suas dificuldades em suas épocas. É um livro premiado pela Academia Carioca de Letras. Conta um pouco da sua convivência com elas para realizar o livro.

Lino Corrêa:

Cada uma das dez talentosas brasileiras que são narradas por mim nesse livro me emocionaram com suas histórias, e me nortearam a percorrer aprendizados que ficaram eternizados. Posso destacar alguns momentos marcantes dessa trama como por exemplo: Descobrir a mãe genética saudosa da atriz negra Maria Alves; vivenciar com a nossa pop star Wanderléa a força de uma mulher iluminada diante de grandes perdas; com a bela  atriz Maria Cláudia presenciei a fé e a superação ao voltar a falar depois de sete anos muda; com Orlette Corrêa que recebeu o título de Mulher do Século, foi com certeza o capítulo mais forte, emocionante porque queria passar as ações filantrópicas de uma guerreira da paz, e que por acaso é a minha mãe.

Dez Homens de vanguarda é um livro recente, que já está circulando com elogios. Escrever sobre Ney Matogrosso, Jerry Adriani , Kadu Moliterno, além dois outros sete que não foram citados aqui, deve ter sido um desafio e ao mesmo tempo prazeroso. Como foi o seu filtro para conseguir selecionar o melhor momento para começar a escrever o livro?

Lino Corrêa: O meu filtro se ancorou na parceria, admiração e na importância desses ilustres brasileiros como homens públicos, que conquistaram com talento ter seus nomes no cenário cultural e  eternizados no nosso inconsciente coletivo, também a seleção no meu convívio com cada um deles.      

Você fez a novela Terra Prometida da tv Record, e seu papel era Paltiel, um dos seguidores de Josué, do antigo testamento. Os trabalhadores do seguimento de arte tiveram a maior perda, precisaram fazer uma migração para o web, e mesmo assim não se sabe como tudo vai ficar depois da pandemia. Como você pensa que ficarão os seguimentos de arte em novelas, cinemas e teatro depois da pandemia aqui no Brasil?

Lino Corrêa: Essa novela foi muito especial pra mim e até hoje tenho muitos seguidores, fãs que entram em contato comigo elogiando essa super produção e o nosso trabalho.

 Acho que ainda é precoce avaliar as consequências para as novelas, cinema e teatro. Nós trabalhamos muito, somos reconhecidos pela nossa trajetória e ao mesmo tempo lidamos com a instabilidade da profissão de operários da arte, ainda mais com essa pandemia mundial que não temos certeza de quando teremos um controle real. No nosso país a cultura nunca foi devidamente valorizada e o que assistimos com o atual governo é ainda mais absurdo em relação à desvalorização cultural. Gostaria de expressar uma visão mais otimista para nós artistas, embora creio que além da migração para a web, haverão adaptações para atravessar esse período por tantos geniais artistas brasileiros.

Sobre Josué Bittencourt (1124 artigos)
Josué Bittencourt, carioca, pós- graduado pela faculdade Cândido Mendes. Atua no mercado com sua empresa Arte Foto Design é proprietário do site de conteúdo Linkezine. Registro Profissional: MTb : 0041561/RJ

2 comentários em Entrevista com Lino Corrêa

  1. Silmar Barrozo // 04/08/2020 às 3:12 pm // Responder

    Parabéns e Sucesso!!!

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