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Entrevista com a Delegada Dra Cristiana Onorato Bento

Foto: Divulgação/ASCOM

Esse ano a Dra Cristiana Onorato, teve  a dura missão de estar à  frente de  dois casos abomináveis, que se pode ter notícia em nossa sociedade. Hoje à frente da Delegacia de Ipanema, concede essa  breve entrevista  para o Linkezine, e fala  um pouco de como foram esses dois casos.

 

 

 

Por Josué Júnior

 

Delegada Cristiana, a sua escolha para entrar na polícia foi vontade própria ou teve outro elemento para a senhora abraçar essa carreira?

Delegada Cristiana:  Estudava para concursos públicos na área do Direito. Estava concluindo minha pós-graduação pela EMERJ – Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro, quando passei para o concurso de Delegada de Polícia no ano de 2007.

 

O Rio de Janeiro e o mundo ficaram perplexos com o caso do estupro coletivo envolvendo uma adolescente. A visão da policia é apurar os fatos e prender quem cometeu o delito. Agora, qual é a sua visão desse episódio? E para a senhora o que fica de lição para a sociedade?

Delegada Cristiana: O episódio que ficou conhecido como estupro coletivo, além de dramático e hediondo, nos trouxe vários ensinamentos, tais como o esclarecimento para a sociedade da correta definição do crime de estupro, que não possui como elemento, a personalidade da vítima. Não é o fato de uma mulher gostar de ter vários parceiros ou ser pervertida que dará o direito ao outro de ser estuprada. Não estou dizendo com isso, que era o caso da menina, do estupro ocorrido na Barão, mas foi o que se ouviu dizer na mídia e eu rechaço esse argumento para qualquer pessoa. Nenhum gay, lésbica, prostituta, ninguém contribui ou merece ser estuprada.

 

 

Sem entrar no mérito, mas toda semana tem baile Funk, e devem existir situações muito próximas ou iguais à que a adolescente citada acima passou. A polícia investiga e prende, ela não previne situações como essa. A prevenção é mérito do Estado que se encontra falido, então, de quem podemos cobrar uma postura mais efetiva para se evitar um novo episódio como esse?

Delegada Cristiana: Precisamos ter políticas sociais e de inserção de jovens, sobretudo moradores de comunidade, como programas educativos, cursos técnicos. Dar  uma opção, um paradigma de valor para os jovens. Não se pode exigir de um adolescente da comunidade, que tanto lhe foi subtraído os valores sociais e morais, que tenham um standart de comportamento. Eles não possuem o básico. Se não tratarmos esse assunto de forma séria e prioritária, a polícia vai continuar enxugando gelo.

 

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Foto : Divulgação /ASCOM

 Um outro caso que ganhou muita repercussão, foi o caso do Coronel que abusava e vendia crianças. Um policial de alta patente que realizava atrocidades, pelo que foi levantado a um bom tempo. Pelo visto, a venda de crianças em comunidades é algo que acontece sem que o poder público tenha a devida ciência. A senhora poderia mensurar o número de crianças vendidas só esse ano, que a polícia tem em sua estatística?

Delegada Cristiana: O caso do Coronel Chavarry. Ele via a criança como um objeto, seja para satisfazer sua própria lascívia, seja como moeda de troca. Não tenho a estatística de quantas crianças foram subtraídas de seus lares e de suas famílias biológicas.  A entrega de criança para colocação em família substituta, conhecida como adoção à brasileira, infelizmente, é uma prática comum em nosso país.

 

Violência doméstica é um tema recorrente. Quando a policia se torna o único escudo da criança contra o próprio pai ou mãe, podemos afirmar que essa criança perdeu o seu futuro? Ou a senhora consegue ter uma outra leitura desse futuro?

Delegada Cristiana: Toda criança retirada de seus pais biológicos sofre perda, perde-se a sua história, seu vínculo com a família biológica, mas em hipótese alguma perde o futuro, pode, na verdade, construir um novo futuro sim, se for abraçada, tutelada de forma correta pelo Estado e outra família. Crianças e adolescentes merecem muito amor acima de tudo, pois são o futuro da nação. O que fazemos pelas crianças e adolescentes de nosso país? Essa é uma indagação que faço para todos. A Constituição preconiza ser dever da sociedade,  assegurar à Criança e Adolescente com absoluta prioridade, a proteção integral, e eis a indagação. Esse imperativo legal está sendo cumprido em nosso país? A resposta já sabemos.

 

 

 

 

Sobre Josué Bittencourt (1122 artigos)
Josué Bittencourt, carioca, pós- graduado pela faculdade Cândido Mendes. Atua no mercado com sua empresa Arte Foto Design é proprietário do site de conteúdo Linkezine. Registro Profissional: MTb : 0041561/RJ

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