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A era da pós-verdade

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Num ano com tantas notícias ruins e surpreendentes, aliado ao comportamento cada vez mais influenciado pelas tecnologias digitais, uma expressão pouco conhecida ganhou força entre os estudiosos da comunicação e define muito bem toda essa loucura. O dicionário Oxford, lançado em 1884 pela famosa Universidade de Oxford, elegeu o termo “pós-verdade” como palavra do ano.

Pela definição do dicionário, pós-verdade quer dizer “algo que denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência para definir a opinião pública do que o apelo à emoção ou crenças pessoais”. Em outras palavras: a verdade perdeu o valor e não nos guiamos mais pelos fatos, mas pelo que escolhemos ou queremos acreditar que é a verdade. Isso, baseados em frágeis convicções, com motivações político-religiosas mais frágeis ainda.

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Pós-verdade representa bem a loucura que foi 2016, com a humanidade no ápice do seu egocentrismo e se mostrando cada vez mais cética em relação aos fatos concretos, acreditando somente no que quer e ignorando completamente aquilo que não quer acreditar. Os gostos pessoais tomaram o lugar de qualquer resquício de pensamento crítico.

A expressão se tornou ainda mais recorrente após saída da Inglaterra da União Européia e das eleições americanas, as mais sangrentas da história, claramente influenciadas por mentiras replicadas exaustivamente e que abafaram qualquer possibilidade de argumentos concretos. Para dar um pouco mais de sentido a essa loucura, ainda temos guerras se espalhando, atentados terroristas para todos os gostos, crises políticas e econômicas no Brasil, impeachment…

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Para o jornalismo, a pós-verdade é péssima, pois não divide apenas os bons profissionais daqueles que sequer sabem o que é profissionalismo e ética. Ela faz com que muitas vezes os bons sejam contestados, e os maus, idolatrados com suas mentiras bem contadas e fáceis de assimilar, repetidas à exaustão até soarem como verdades e espalhadas por um bando de alienados que mal sabem o que estão fazendo.

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Esse grande retrocesso reflete em todos os setores da sociedade, assim como nossas vidas pessoais. Desaprendemos a argumentar, a pensar por conta própria e as discussões se fazem não mais com troca de ideias, mas com gritos e agressões, que revelam um vazio de conteúdo assustador. Desanima você estudar, pautar seus argumentos em fatos comprovados e teorias para ser vencido pela ignorância cada vez mais propagada pelos meios digitais. Desanima ver a humanidade caminhando a passos largos para se afundar na própria ignorância.

 

Sobre Victor Hugo (18 artigos)
Victor Hugo Ximenes Descrição: Jornalista formado pela Universidade Candido Mendes, atua na área de produção de conteúdo e assessoria de comunicação para políticos e instituições. Atualmente cursa pós graduação em marketing digital na FGV. Apaixonado por música, aviação e fotografia, adora registrar rostos, paisagens e esporadicamente trabalha em eventos. Apesar do apreço pela tecnologia também é um crítico de como ela influencia no comportamento humano e se torna um vício que afasta as pessoas umas das outras e de si mesmas.

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