Somos mais!
Mulheres. Frágeis e transformadoras. É de se entender que durante tanto tempo o mundo sempre tentou abafar sua força. Amedronta aquilo que não se controla. E como controlar essa força da Natureza? Fazendo-nos acreditar que somos menos. Menos relevantes. Menos capazes. Menos importante. Goebbels, ministro de propaganda de Hittler, já dizia que “uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade.” Em pleno 2017 ainda lutamos por igualdade de gêneros. Não estou falando aqui da teoria de gêneros. Mas de homens e mulheres, como seres humanos iguais e com direito a oportunidades e reconhecimento iguais. Mulheres e homens que se reconhecem como diferentes e abraçam essas diferenças – sem fingir que elas não existem. Existem e são maravilhosas! Mulheres e homens que aproveitam as diferenças para crescerem juntos em uma sociedade mais justa e igualitária.
Vemos ainda hoje, em pleno 2017, meninas saindo de casa cedo e consequentemente engravidando e interrompendo sua educação. O Brasil ocupa o 4o lugar [1] no mundo em casamentos infantis! 36% da população feminina casa/mora junto antes dos 18 anos. Na América Latina, infelizmente, ocupamos o 1o lugar. Não estamos assim tão atrás da India. Meninas que fogem de abusos domésticos, pressão religiosa ou simplesmente não acreditam que possam existir como pessoas completas e independentes sem um homem e um filho. Esses dados são do BIRD e em seu relatório o banco responde porque esse dado é tão relevante para o desenvolvimento de um país: “mulheres que apanham não desenvolvem um país; mulheres que são humilhadas não podem desenvolver um país; mulheres que engravidam cedo não podem desenvolver um país; mulheres que não podem trabalhar por conta de ciúmes de seus parceiros não podem desenvolver um país; mulheres que são exploradas sexualmente não podem desenvolver um país, mulheres que morrem no parto por não terem o corpo desenvolvido não podem desenvolver um país” (Ana Paula Lisboa). 36% do nosso país é abandonada a própria sorte. O resto finge não ver. Sonhos mortos antes mesmo de germinarem. Se perguntarem para esses 36% de mulheres, e talvez para boa parte do total de mulheres – aqui já é uma conjectura minha – a maioria ainda precisa de alguém para exercer a sua individualidade. Como se sozinhas não fossem completas. “Uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade…”

Foto : Anna Gabriela Malta
Somos completas. Somos mais. Mais complexas. Mais inteiras. Mais emoção. Mais racional. Mais paradoxos. Mais interessantes. Mais amor. Mais não em relação aos homens – porque somos iguais. Mais em relação a essa imagem pobre e rasteira de Mulher. Somos Eva, e Maria. Somos Rosa Parks e Teresa de Calcutá, para ficar só em algumas. Somos terra, fogo e ar. Tudo junto e misturado. Precisamos repetir mil vezes – somos mais – para que todos possam absorver essa verdade de dentro para fora. Devemos isso as próximas gerações. As meninas e meninos que estão crescendo e precisam de modelos para se espelharem. Devemos isso a esse gigantesco contigente de meninas que saem de casa antes dos 18 anos e vêem seus sonhos massacrados diariamente. Elas são mais. Mais inteligentes. Elas podem mais. Podem estudar. Podem escolher quando querem engravidar e com quem querem formar uma família. Elas são senhoras de si e podem sim, desenvolver um país. Precisamos delas. Precisamos de mais amor. Mais flexibilidade. Mais dinamismo. Mais inovação. Mais mulheres donas de suas próprias vozes e vontades.
[1] Pesquisa “Fechando a brecha: melhorando as leis de proteção à mulher contra a violência.” BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento.
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