Eu não preciso da echarpe verde
Paralisada de frente para o armário, ela só esperava ouvir as mesmas palavras que o Big falou para Carrie: Construo um closet maior para você. Mas a resposta a sua pergunta foi direta, certa e frustrante. Ninguém precisa de mais que 4 portas de armário; ninguém precisa de tanto que não caiba neste espaço.
Sua mente só conseguia pensar em um novo desejo: aquela echarpe verde. Não qualquer echarpe, mas aquela que, como no filme, carregaria consigo as falas possíveis, seus sonhos profissionais e pessoais. Mas o eco em sua cabeça só lhe dizia que o excesso mostra a falta e, por isso, ainda buscava se aventurar entre roupas, sapatos, bolsas e echarpes.
Não mais conseguia se concentrar em sua noite de vinhos e risadas. Era o proposto, o esperado, mas estava mergulhada na certeza de que as 6 portas de armário e as 5 gavetas, que estavam esperando por ela em casa, eram pouco para suas necessidades. Olhava para as 4 portas e pensava que só lhe restariam duas.
Foi para casa e não dormiu. Nem tentou. Repassava aquela frase e olhava para as portas abertas do armário, não conseguindo escolher o que colocaria em duas portas. Escolha difícil, pensava ela. Também começava a ter consciência de que era um blefe. Vivia disseminando a fórmula matemática que toda consultora de moda usa para montar looks, o armário cápsula, o desapego… mas para ela, não.
Decidiu que precisava ser coerente, se reinventar e repensar suas decisões, inclusive se queria realmente caber em apenas duas portas de armário.
Foram dias de muito estudo, reestruturação interior e exterior. Chegou a adotar vestes pretas para seu “Caminho de Santiago”. Um estilo à gótica suave, bem contrário às cores iluminadas em seus dias de excessos.
Desapegou de vestidos, sapatos, acessórios. E do boy. Aprendeu que não precisava da echarpe verde, mas que ainda esperava um amor que falasse Prada .
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