Um vídeo e vários absurdos
Para começar a escrever este artigo, proponho uma resenha dos últimos acontecimentos. No dia 24 de abril, o então ministro Sergio Moro pede demissão do ministério da justiça e acusa o presidente da república Jair Bolsonaro de interferência política no trabalho da Polícia Federal. Como prova de tais acusações Sergio Moro sugere o vídeo da reunião ministerial do dia 22/04/20. Desde então, o Brasil aguardava ansiosamente pela divulgação destas imagens, possibilitando a sociedade, suas próprias conclusões.
Foi liberada, na tarde de sexta-feira dia 22/05/20, pelo Ministro Celso de Mello do STF, a divulgação do vídeo com alguns cortes (somente nos momentos que são citados os nomes de outros países) da tão esperada reunião.
O que foi visto? Foi um show de horrores! Teve de tudo: Ministro da Educação cometendo crime de injúria ao chamar os integrantes do STF de vagabundos, e que por sua vontade teria fechado o Supremo Tribunal Federal; Ministro do Meio Ambiente mandando aproveitar o momento da pandemia para dar continuidade aos processos de avanço do desmatamento, sugerindo ainda que o presidente acionasse a AGU para conter os processos que iriam surgir contra o Ministério do Meio Ambiente; Ministro do Turismo sugerindo um projeto para a construção de cassinos próximos a Resorts, lembrando que a exploração de jogos de azar é proibida no Brasil desde 1946, mas, a cereja do bolo foi o Ministro da Economia solicitando a privatização do Banco do Brasil “Tem que vender essa porra logo”, afirma Paulo Guedes.
Contudo, o que está em pauta para os autos do processo é a fala do Presidente, onde em vídeo utiliza-se de palavrões possíveis e imagináveis, algo inaceitável para um chefe de Estado. E ainda deixa o “aviso” de que, se não for do jeito dele, trocaria até o Ministro da Justiça para ter sua vontade garantida! Simples assim!
O que realmente importa para muitos dos seus aliados é que a fala do Presidente não compromete o processo onde é acusado de interferência na PF, e que por isso o mesmo deveria ser arquivado. Já pelo lado da oposição foram observados vários crimes que devem ser apurados, inclusive na fala do Presidente. Para muitos juristas a bala de prata que iria aniquilar de vez Jair Bolsonaro, não estaria nesta reunião, porém a intenção sim, razão que justifica a continuidade do inquérito e o andamento da investigação.
Celso de Mello requisitou a continuidade da investigação através da retenção dos aparelhos celulares do Presidente e de seu filho Carlos Bolsonaro. Essa sugestão causou um terremoto em Brasília, a ponto de o Ministro Augusto Heleno sair em defesa do Presidente, avisando que caso ele entregasse os aparelhos às autoridades, as consequências seriam imprevisíveis.
Brasília com Bolsonaro no poder é um carrossel de emoções que divide opiniões. Para uns ele precisa ser contido urgentemente, enquanto para outros ele está no caminho certo. Dentro desta reunião foi visto um presidente falando em armar o povo, para conseguir se defender de futuros atos que prefeitos e/ou governadores poderiam vir a tomar; alertando sobre uma oposição raivosa que quer a todo custo tomar o poder; e que no governo dele, gostando ou não, será desse jeito. Caso a sociedade brasileira não concorde, aguarde as próximas eleições e vote em outro.
Com Bolsonaro é tudo muito simples, ou faz o que ele quer, ou torne-se uma ameaça. Ele simplesmente esquece que o Brasil não é dele, muito menos da extrema direita que está avançando no país. É preciso tomar muito cuidado com os extremismos, tanto de um lado, quanto de outro. É preciso paz! Infelizmente estamos vivendo em tempos cinzentos, mas logo vai passar! #vaipassar
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