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Entrevista com Cientista Político José Paulo Martins Junior Diretor da Escola de Ciência Política UNIRIO

Da mesma forma que existem grupos de extrema direita, existem grupos de extrema esquerda…..

José Paulo Martins Junior é Cientista Político, atua na UNIRIO como professor do Departamento de Estudos Políticos do Programa de Pós-graduação em Direito e Políticas Públicas. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em partidos políticos, eleições, relações entre poderes e processo de tomada de decisão política. Nesse breve bate papo, José Paulo Martins Junior, fala um pouco do nosso cenário político brasileiro.

Na Constituição brasileira, Jean-Jacques Rousseau é citado com “Todo poder emana do povo “. Rousseau delineia seu pensamento a partir de um hipotético estado de natureza, marcado pela paz e pela tranquilidade. Hoje vivemos uma polaridade. Fernando Henrique cita o caminho do meio para conseguir chegar na democracia. Afinal, como será possível chegar à paz e à tranquilidade nas próximas eleições?


José Paulo Martins Junior: Desde que se tornou possível, especialmente a partir do século XIX, quando trabalhadores foram admitidos, sempre houve polarização na política. Entre ricos e pobres, católicos e protestantes, cidade e campo, entre outras. Não é de hoje que vivemos uma polaridade. Os pólos políticos não são negativos, a política é dissenso, é diferença de opinião, a democracia é só o caminho para que essas diferenças sejam resolvidas de forma pacífica. 

Não concordo com a ideia de FHC de que o caminho do meio seja o único para conseguir chegar à democracia. O Brasil já teve governos tendentes à direita e à esquerda e a democracia não sofreu abalos. Creio ser mais correto dizer que os caminhos extremos, à direita ou à esquerda, são danosos. Não acredito que possa haver paz e tranquilidade em sociedades contemporâneas. A disputa política sempre irá produzir vitoriosos e derrotados. Os primeiros farão tudo para se manter no poder e os últimos farão de tudo para chegar nele. Em regimes democráticos, esse fazer de tudo deve estar circunscrito ao que a lei permite.

 

Elis Regina cantou “O Brasil está matando o Brasil “. Hoje o cenário é de crise. A pandemia trouxe fome, desemprego, morte e corrupção por parte dos políticos. Para as novas eleições quais serão os desafios para cada candidato ao pleito à presidência da República?


José Paulo Martins Junior: É difícil dizer quais serão os desafios de cada candidato. Acredito que o desafio dos democratas é afastar os radicais e autoritários que hoje estão no poder. Uma vez atingido esse objetivo, é preciso consolidar uma coalizão política capaz de combater de forma mais efetiva a fome, o desemprego, a morte e a corrupção. 
   

Hoje alguns grupos de extrema direita começam a propagar suas ideias nas redes sociais. É muito difícil de entender como pessoas podem divulgar pensamentos sombrios que levaram a uma guerra mundial no passado. Como o senhor pode explicar esse fenômeno em pleno ano de 2021?


José Paulo Martins Junior
: Ao fim do regime militar era muito difícil encontrar uma pessoa que se declarasse de direita, mais difícil ainda era encontrar os que se declaravam de extrema direita. Hoje essas pessoas saíram do armário e, mais além, chegaram ao poder pela via democrática. Não foi só no Brasil que isso aconteceu. A extrema direita ganhou espaço em diversos lugares do mundo. EUA, Índia, Turquia, Hungria, Polônia, entre outros países. É um fenômeno mundial que pode estar relacionado ao fim do socialismo soviético e ao deslocamento da esquerda para o centro, que por sua vez empurrou o centro para a direita e a direita para a extrema direita.

Da mesma forma que existem grupos de extrema direita, existem grupos de extrema esquerda; outro movimento que teve muita dor e morte, mas mesmo assim existem simpatizantes. Esse movimento de extrema esquerda pode ser comparado ao da extrema direita com relação as suas ações violentas?


José Paulo Martins Junior: Sim, você tem razão, existem posições extremas à esquerda e à direita. De forma alguma é possível comparar o potencial danoso dessas duas extremidades. A extrema direita está armada até os dentes, tem apoio do governo, dos ricos, poderosos e religiosos, enquanto que a extrema esquerda é apenas um punhado de militantes sem qualquer força política, econômica, midiática, bélica ou religiosa.

Sobre Josué Bittencourt (1073 artigos)
Josué Bittencourt, carioca, pós- graduado pela faculdade Cândido Mendes. Atua no mercado com sua empresa Arte Foto Design é proprietário do site de conteúdo Linkezine. Registro Profissional: MTb : 0041561/RJ

2 comentários em Entrevista com Cientista Político José Paulo Martins Junior Diretor da Escola de Ciência Política UNIRIO

  1. SILMAR BARROZO // 09/04/2021 às 7:34 pm // Responder

    Excelente visão!!! Parabéns!!!

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