Paço Imperial inaugura exposição que comemora os 30 anos de trajetória do artista Daniel Feingold
Conhecido por suas pinturas monumentais, nas quais escorria o esmalte sintético pela tela, criando tramas, Feingold não só mudou o material, mas também as formas e a paleta, com cores mais vivas, muitas delas em neon, além da introdução do prata, trazendo mais luz e vitalidade para as telas. “O fundo prata ou alumínio energiza fisicamente a superfície chapada”, afirma o curador, que completa: “E o que dizer dessas cores tão improváveis, indefiníveis, tão além dos padrões modernos – lancinantes, eu diria. Reconfortantes, não. Ameaçado ras, talvez. Descarregam corajosamente no espaço sua versão da complexidade atual que se quer simplificar – o bem estar não está mais entre nós. Lampejos derradeiros do body electric”.
“São planos cromáticos, linhas e situações de encontros plásticos que geram uma suposta dobradura do espaço, a partir de uma cor, na maioria das vezes plana, na superfície bidimensional da pintura”, diz o artista. “Faiscantes, elétricas, ácidas, como uma dança de centelhas que, entre si, disputam o espaço total da tela – um all over da era digital. Oriundas de um estilhaçamento prévio, em curso, que impossibilita toda e qualquer possibilidade e insiste em se conter nos limites da tela, que a custo o corpo procura controlar – o élan vital pintura”, completa o curador Paulo Venâncio Filho.
As pinturas pequenas, com tamanhos que variam entre 18cm X 24cm e 50cm X 60cm, começaram a ser produzidas durante a pandemia de Covid-19, uma maneira mais rápida e produtiva do artista conseguir trabalhar. Utilizando bastão oleoso, criou formas diversas, mas que se limitavam ao espaço deixado pelo risco do bastão. Por isso, começou a usar também a tinta a óleo, com trincha, que permitia uma aplicação maior das cores na tela, criando áreas cromáticas mais largas. Como um desdobramento natural, voltou à sua origem de criar grandes telas, essas com tamanhos de 2,20m X 2,80m X10cm, em obras verticais, e 1,80m X 3,00m X10cm, em telas horizontais, com formas que se asseme lham às pequenas pinturas, mas nas quais o artista pôde se expandir mais, escorrendo, inclusive, pelas bordas, que tem 10 cm de espessura.
As grandes pinturas são formadas por duas telas, propositalmente separadas, que dão a sensação de uma obra tridimensional, com dobraduras e volumes. Apesar de compostas por duas telas, o artista não chama essas obras de dípticos, pois elas formam uma unidade. “Elas não se encostam, é o olho do espectador que junta os dois painéis, formando uma dobradura entre eles. É essa continuidade do espaço, que não se interrompe em todo o constructo. Se as telas fossem juntas, não haveria esse efeito”, afirma o artista.
Além de novas formas e novas cores, Feingold está utilizando nas novas obras da exposição a tinta a óleo. “O óleo é uma tinta com alma, que se move, se refaz, se perde e tem vida. Para essas pinturas só o óleo faz sentido, pois este se movimenta, enruga, fere”, completa Feingold, que propositalmente deixa os “acidentes” de percurso na tela, como respingos e manchas, que acabam se incorporando à obra.
Formado em arquitetura, Daniel Feingold não faz nenhum esboço prévio antes de criar suas pinturas. “As formas começam a ser ‘recortadas’ na hora. É tudo resolvido na tela, no momento da pintura”, diz o artista, que morou muitos anos em Nova York, período “muito esclarecedor para a minha poética de temática abstrata”.

No dia da abertura será realizada uma visita guiada com o artista na exposição. A mostra tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.
Ao longo do período da exposição está prevista uma palestra com o artista e o lançamento do e-book bilíngue da mostra.
Serviço: Exposição “Pequenos Formatos”, de Daniel Feingold
Abertura: 30 de novembro de 2022, das 12h às 18h
Exposição: até 12 de fevereiro de 2023
Paço Imperial
Praça XV de Novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Terça a sexta, das 12h às 18h.
Finais de semana e feriados, das 12h às 18h.
Entrada gratuita
Curadoria: Paulo Venâncio Filho
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