Genocídio Yanomami
A visita de Lula à terra Yanomami trouxe à tona um tema que estava submerso no nosso país. Em quatro anos de governo Bolsonaro foi possível identificar o avanço da extrema direita e suas políticas. A mais cruel delas foi revelada agora, a população indígena desnutrida, crianças padecendo de fome, idosos à beira da morte, algo só visto em campos de concentração na Alemanha nazista. Essa falta de empatia com o próximo é uma herança deixada pela extrema direita. O mais estranho de tudo é que o discurso dessa mesma extrema direita é pautado em Deus, pátria e família, o que não coaduna com a prática observada durante os quatro anos de governo Bolsonaro, muito pelo contrário.
O jornalista Octavio Guedes, no programa “Estúdio I”, denunciou a prática dos garimpeiros para angariar indígenas. A ação é antiga, a fórmula para corromper os índios era a bebida alcoólica, quanto mais embriagados, mais problemas e discórdias aconteciam em suas tribos. Octavio Guedes relatou que os anciãos das tribos eram agredidos pelos índios aliciados aos garimpeiros. Dessa forma, eles ganhavam aliados dentro da tribo e assim, avançavam nas suas práticas. Uma vez inseridos nas tribos, os garimpeiros estupravam índias, agrediam índios, extraiam ouro e deixavam nos rios, o mercúrio, águas que serviam para os índios beber e se banhar.
Práticas como essas foram denunciadas, várias vezes, ao governo Bolsonaro, que nada fez. Segundo o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o ministro da Justiça, Flavio Dino, havia “os reiterados pedidos de ajuda contra a violência decorrente do garimpo ilegal, bem como a ausência de efetivas ações e serviços de saúde à disposição dos Yanomami”. Os pedidos não atendidos, segundo eles, reforçam uma possível intenção de causar lesão grave à integridade, ou mesmo provocar a extinção do grupo originário. O ministro determinou que sejam investigados possíveis crimes ambientais, de omissão de socorro e de genocídio. Observem que o Ministro identifica a prática de genocídio nessa calamidade que se abate no Brasil.
A jornalista Sônia Brid, que irá realizar uma matéria exclusiva para o programa semanal “Fantástico”, declarou em tom emocionada: “Já vi refugiados, gente em conflito em vários países e a gente sabe que essas imagens de fome extrema, de fragilidade extrema, de abandono extremo são muito fortes, tristes e pesadas. E eu nunca imaginei que fosse ver isso dentro do meu país, em período de paz. E é um período de paz que é aqui, na Terra Yanomami”.
Essa é cara da extrema direita, a cara de uma política vil, que mente, engana, ameaça em nome da ganância. Espero que todos os envolvidos sejam responsabilizados, que esse caso possa servir de exemplo para os próximos governos de como não se deve tratar o próximo, e que a dignidade indígena seja recuperada com agilidade, para que essa história sombria não seja esquecida, mas que o tempo possa corrigi-la.
Que tristeza!