Escolas Públicas em Áreas Conflagradas
Viver e estudar, na cidade do Rio de Janeiro, pode representar um ato de risco. Hoje, a cidade do Rio de Janeiro está retalhada entre facções criminosas e grupos de milicianos. Existem bairros do município do Rio de Janeiro que abrigam, ao mesmo tempo, facções rivais trazendo uma insegurança sem fim tanto aos moradores, quanto aos trabalhadores da região. Um exemplo claro desse poder paralelo são as barricadas implantadas por criminosos que impedem o ir e vir dos moradores. Antes essas barricadas só eram percebidas dentro das comunidades, como uma forma de controle e impeditivo do avanço policial. Hoje, dependendo da região, já se pode ver barricadas muito próximas às ruas principais dos bairros. Zuenir Ventura, em seu livro “Cidade partida” lançado em 1994, disseminou o termo que dá origem ao título da obra. Essa expressão era usual nas rodas de sociólogos que estudavam a violência urbana, para muitos desses estudiosos o termo era verbalizado de forma natural para evidenciar ações violentas no subúrbio, que não afetavam a rotina da zona sul. Dessa maneira, os fatos não chegavam nas regiões mais nobres da cidade, mas essa era uma realidade da década de 90. Hoje, quem produz a cidade partida são os criminosos e suas ações abruptas. É necessária uma revisão no olhar por partes dos estudiosos da área de segurança. Seguindo nesse novo olhar é que devemos analisar uma ação do BOPE (Batalhão de Operações Especiais), dentro de uma Escola Municipal, na manhã do dia 05/04/23, 6h30min da manhã.
Essa ação poderia ter todos os contornos de uma tragédia. Dezesseis criminosos em fuga, adentraram uma escola municipal para escapar do cerco do BOPE. O comandante Uirá, ao ser entrevistado frisou “A equipe que estava em terra seguiu o rastro, viu os criminosos se escondendo dentro escola e seguiu todas as normas previstas de incursão em ambiente confinado. Cercou eles, convocaram a população para ir para à porta da escola. Houve um início de negociação, mas eles se entregaram, sem que houvesse confronto ali dentro” – explicou o Tenente-Coronel “Uirá Nascimento”. O BOPE fez sua parte, prendeu os criminosos sem atingir inocentes. Já o governador declarou em tom de apelo: “O Rio de Janeiro não produz armas, não produz drogas, se isso está entrando é porque nossas fronteiras estão ficando desprotegidas. Pedi que a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal acelerem o trabalho de proteção porque senão a gente fica daqui enxugando gelo”. Esse desabafo é uma súplica de meses, anos, décadas vivendo uma guerra urbana sem fim, vivenciando o crime organizado avançar dia a dia, na rotina de um Estado. Hoje são criminosos que produzem essa cidade partida, ao impedir o ir e vir dos cidadãos. O Estado também é culpado quando não reger de forma inteligente e calculada. Esse episódio de violência foi mais um dentro de um caldeirão de problemas.
O Deputado Federal, Chico Alencar, fez essa consideração em suas redes sociais: “Os policias queriam um banho de sangue dentro da escola! Não fosse a pressão dos moradores e da comunidade escolar poderia ter havido uma tragédia. Denunciamos a operação ao Ministério Público e vamos cobrar uma resposta das autoridades. O Estado não pode chegar na favela só com truculência, precisa garantir os direitos humanos às crianças, alunos, profissionais de ensinos e toda a comunidade. Chega!” Deputado Federal Chico Alencar PSOL- RJ.
O Deputado Federal Chico Alencar reproduz o grito entalado na garganta de muitos trabalhadores que vivem sofridos, esperando uma saída que nunca chega por parte do Estado. Poderia citar vários estudos de violência, mas nenhum dos estudos têm a formula certa para acabar com a violência em que vivem os moradores de comunidades. Enquanto o Governo Federal não se alinhar ao Governo Estadual do Rio de Janeiro no combate ao crime organizado, veremos mais ações como essa e teremos notícias de criminosos, cada vez mais audaciosos, botando em risco a vidas de trabalhadores e moradores de comunidade. A Favela não é lugar de bandido, a favela é lugar de pessoas de bem que lutam por uma vida melhor e é isso que o Estado precisa perceber e proteger. Por uma vida melhor para todos!
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