Marina Silva versus Petrobras
Marina Silva pode presenciar momentos vividos entre 2003 e 2008. Só que dessa vez, a Ministra do Meio Ambiente tem experiência e casco suficiente para aguentar a pressão que deverá partir do PT. O partido tem uma ala que apoia a exploração de petróleo na bacia do Foz do Amazonas. Por incrível que pareça, as juras de amor feitas na campanha eleitoral estão sendo trocadas por palavras fortes. O Senador Randolph Rodrigues, apoiador da campanha de Lula pelo partido Rede, ao discordar do veto do Ibama em relação a exploração de petróleo na bacia do Foz do Amazonas, pediu desfiliação do partido Rede que é o mesmo partido de Marina Silva. Ele prefere permanecer sem partido para apoiar a exploração do petróleo. Seu discurso é que os royalties vão gerar receita para o estado do Amapá. Para o senador, Marina Silva deveria cacifar o governo nessa pendenga entre Ibama e Petrobras, assumindo um lado que abrisse a porta para que a Petrobrás fizesse o seu papel de petroleira, explorando a reserva fóssil com o potencial para gerar 7,5 bilhões de barris de petróleo. Com essa estimativa, a Petrobras está acelerando para que a exploração tenha a benção do governo.
Desde 2013, estudos são realizados nesta região. Tais investigações identificaram qual o real potencial para exploração na chamada Margem Equatorial, uma fronteira de exploração em águas profundas que vai da costa do Rio Grande do Norte ao Amapá. A partir desse período, o Ibama vem negando liberação para perfuração da região. Durante esses anos, a empresa francesa “Total” arrematou cinco blocos em leilão da ANP, por R$250 milhões. A “Total” teve quatro pedidos negados pelo Ibama, desistindo assim dos contratos com a Petrobras.
No final de 2020, outra multinacional do petróleo – a “BP” – também abriu mão da sua parte. Com essa desistência, a Petrobras conseguiu ser a única empresa a explorar esse lugar. Estudos internos da Petrobras seguem avançando. Em seu plano de negócio existe uma estimativa de investimento de US$2,9 bilhões para perfuração de 16 poços na Margem Equatorial. Fernando Borges, diretor de exploração e produção da Petrobras, disse na sua apresentação em Houston durante a “CERAWeek 2023”, que: “A margem Equatorial representa, para nós, um prospector promissor, bem como um ativo que poderá contribuir para segurança energética do País”. Para muitos especialistas e entusiastas, o Brasil pula da oitava posição no ranking mundial do petróleo, para o quinto lugar. Marina Silva tem outro entendimento.
Vídeo:
A fala de Marina deixa claro que a Petrobras precisa priorizar a transição para os combustíveis verdes. Fica difícil saber como Lula irá reagir a essa queda de braços entre Marina Silva e Petrobras. Para o “WWF” e o “Greenpeace”, essa exploração é uma agressão ao meio ambiente e não seria bem-vinda para os povos indígenas. O futuro do Brasil está em jogo, de um lado Marina Silva propondo um salto para um futuro verde e do outro lado está a Petrobras, propondo o presente que pode elevar o Brasil a uma potência mundial na exploração de petróleo. Agora veremos como a política e o PT conduzirá essa celeuma entre o futuro e o presente.
Deixe uma resposta