Mauro Cid, enfim, fala.
Com duração de dez horas, finalmente foi realizado o depoimento do ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro à polícia federal. O tópico principal da sua declaração girava em torno da polêmica venda das joias presenteadas por autoridades estrangeiras, ao ex-presidente. Após sua fala, ficou a expectativa de como esse material seria aproveitado: a polícia federal considerará como um depoimento, confissão ou uma delação? O advogado Cezar Bitencourt informou aos jornalistas que o depoimento de Mauro Cid não comprometeu seu ex-chefe, mas nos bastidores já se falam em delação.
A quinta-feira, 31/08/23, foi extremamente movimentada. Bolsonaro, na sua vez de ser inquerido, preferiu ficar em silêncio. Michele Bolsonaro seguiu a mesma tendência. Houve também o depoimento do general Mauro Cesar Lourena Cid. Essa declaração já foi longa e rica em detalhes, um material que poderá ser utilizado de diversas formas. Para os advogados de Bolsonaro, a saída encontrada para entender o que vem pela frente foi pedir as vistas do processo, e assim saber onde se encaixaria seu cliente em cada depoimento, essa opção serviria também para Michele Bolsonaro. Ao todo foram oito pessoas ouvidas, em um só dia, para entender como cada peça se encaixaria neste processo.
Nessa ação judicial, existe uma divergência interna entre os dois advogados de Bolsonaro, Wassef e Wajngarten. As ofensas entre ambos já chegaram à mídia, Wassef apelida Wajngarten de: “corno judeu”, enquanto Wajngarten chama Wassef de “burro”. Nessa guerra ninguém se entende, nem advogados, muito menos clientes. Enquanto um opta pelo direto do silêncio, o outro prefere falar por horas.
Nessa investigação do caso das joias, tem tantas informações satélites que chama a atenção dos integrantes da CPMI, do dia oito de janeiro. Muitos integrantes acreditam que esse trabalho também poderia servir como dados para a própria investigação do oito de janeiro. Há um entendimento que, os cruzamentos das falas e das ações convergem com a CPMI.
A próxima semana será muito importante para saber como o advogado Cezar Bitencourt apresentará seu cliente, no caso das joias. Caso Mauro Cid tenha realizado uma confissão, sem envolver Bolsonaro, teremos um cenário sem nuvens carregadas. Se Mauro Cid realizou uma delação, as nuvens carregadas de raios cairão sobre a cabeça da família Bolsonaro e Michele não terá como continuar com a sua postura infantil de não “entender” a gravidade do caso.
O PL já se preparou para uma eventual tempestade. Nessa movimentação, a primeira a se molhar na chuva será Michele e depois, Bolsonaro. Pelo visto as eleições municipais serão muito minguadas para o PL. Waldemar da Costa Neto deve estar se rasgando por dentro, enquanto Gilberto Kassab do PSD vem crescendo e ganhando força para as próximas eleições, incluindo novos integrantes como a senadora Mara Gabrilli (ex–PSDB), Eliziane Gama (ex-Cidadania) e agora tem a notícia de que Raquel Lyra poderá transferir-se do PSDB, para o PSD. Sem fazer muito alarde, Gilberto Kassab vem progredindo seu partido, tendendo a se tornar o maior do Brasil. E o PL de Waldemar só enriquece as notícias policias.
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