Um partido sem rumo
O Partido Liberal, provindo do conhecido Partido da República (2006), era uma associação pequena e sem muita notoriedade. Abrigava políticos de centro-direita, direta e extrema-direita. Para muitos, ele era um partido de passagem para muitos políticos que entravam e migravam para outros partidos com maior visibilidade, ainda assim, ele conseguiu fazer parte da base do governo Lula 1, Lula 2, Dilma Rousselff e Michel Temer.
Em outubro de 2006, o PL fundiu-se ao Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), transformando-se no Partido da República (PR). Em 2019, houve o pedido de alteração de seu nome, para Partido Liberal (PL). Álvaro Valle, fundador do PL, foi responsável pela fusão com o PRONA, partido do lendário médico Eneias. A partir dessas fusões, o PL se desenvolveu e chegou aos dias de hoje, com Valdemar da Costa Neto à frete da sua presidência. Valdemar aos poucos foi criando raízes profundas dentro da política nacional e dentro do partido. Na época do conhecido “Mensalão”, durante o primeiro governo Lula, Valdemar foi condenado a 7 anos de prisão, permanecendo em regime semiaberto por ter sido sentenciado a menos de 8 anos de reclusão. Ele também foi investigado no governo Dilma.
Esse é um fato curioso que merece ser contado. Na época, Tarcísio de Freitas era um desconhecido que recebeu a tarefa de auditar o Ministério dos Transportes, já que Dilma havia loteado o ministério, para o partido de Valdemar. Tarcísio realizou o seu trabalho sinalizando a Dilma indicativos de corrupção dentro do Ministério que Valdemar acabara de se inserir. O final dessa história foi a troca de todos os membros do partido. Sua participação em governos petistas foi importante para manter a base, lembrando que o PT também tem a sua parcela de culpa no que diz respeito a Valdemar da Costa Neto e seu partido.
Hoje o PL é uma oposição e tem recursos para investir em jatinho particular para a ex-primeira dama, Michele Bolsonaro. A que tudo indica, ela é a atual grande aposta do partido, a outra seria Braga Neto, mas o general já apresenta sinais de problemas que poderá enfrentar em breve. Havia uma investigação na época em que ele era interventor no Rio de Janeiro, que poderá colocá-lo em maus lençóis em breve e, pelo visto, ele não terá o nome indicado para concorrer à prefeitura da cidade do Rio de Janeiro com essa investigação no seu coturno e, com isso, o rumo do PL, provavelmente, mudará.
Braga Neto surge como um forte indicado, segundo pesquisas internas do partido, para concorrer ao cargo de prefeito do Rio e fazer frente ao candidato Eduardo Paes. É preciso abrir um grande parêntese antes de seguir o assunto para explicar em “carioquês”:
O atual prefeito Eduardo Paes do PSD é um político criado na cidade do Rio de Janeiro, e que carrega no sangue o DNA do carioca (não sei, não). Dudu tem acesso fácil a todas as bibocas dessa cidade e tem a simpatia do povo carioca. Vai ser difícil ver um General de coturno velho, com cara sisuda, sem ginga, lidar com a manha do carioca.
Retornando ao assunto da escolha do PL para o cargo de prefeito da cidade do Rio de Janeiro, o General Braga Neto, como afirmei, é a primeira opção do partido. O próprio já afirmou, em algumas entrevistas, que se “o capitão mandar, o general abraça a missão de ser prefeito.”. O problema agora está em duas frentes: a primeira na delação do ajudante de ordens Mauro Cid, e a outra na investigação do tempo da intervenção. São alguns dos incêndios que o PL terá que apagar, mas o de maior intensidade será a delação do Mauro Cid. A revista ‘Veja’, dessa semana, informou que na delação existe a informação que Mauro Cid repassou o valor da venda do relógio Rolex para as mãos de Bolsonaro. Tudo indica que o partido terá uma semana frenética pela frente.
Se Mauro Cid mirar em outros integrantes do partido, o PL ficará sem rumo em pelo menos duas eleições. Já existem movimentos de rejeição à figura de Bolsonaro, garoto propaganda do partido. Se a delação de Mauro Cid for muito contundente, Bolsonaro será escanceado pela própria esposa e seu jatinho. Não podemos esquecer que Mauro Cid não se relaciona bem com Michele Bolsonaro, e por esta razão, não tem motivos para facilitar a vida para ela.
Portanto, o PL já deveria começar a pensar em um outro nome para atrair votos nas próximas eleições. Pelo visto Valdemar corre o risco de ver seu partido esvaziar e retomar ao tamanho que era no passado, voltando a ser um partido pequeno e de passagem.
Assim é a política!
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