O rescaldo de um Estado em chamas
Segunda-feira, 23/10/2023, aproximadamente 13h42min, horário de Brasília, começava uma operação sigilosa da Polícia Civil. Uma operação tão implícita que só a Polícia Militar tinha conhecimento da sua existência. O objetivo seria prender Faustão, miliciano da zona oeste responsável por criar laços entre seu bando e traficantes.
As investigações de seu paradeiro apontavam uma casa na localidade de Três Pontes, zona oeste do Rio. A moradia contava com a presença de dois homens: um deles seria o “zero dois” da milícia local e o outro seria seu segurança. Houve fuga e troca de tiros, onde um bandido foi alvejado e outro preso. No rádio de um dos bandidos iniciou-se uma intensa troca de mensagens, por parte da quadrilha, para entender o que estava acontecendo. Enquanto isso, o helicóptero da polícia civil dava cobertura aos agentes públicos que deixavam a região, garantindo a segurança de todos.
Para a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, a operação merecia manchete em todas as mídias do Brasil. Poderia realmente ser uma operação para o governador Claudio Castro comemorar e, na verdade, ele comemorou em seu Twitter, mas estamos numa era digital e por isso, tudo o que acontece é divulgado muito rápido. Enquanto o governador comemorava o sucesso da operação nas mídias sociais, o poder paralelo se organizava para uma resposta imediata.
O grupo ofereceu quinhentos reais para aqueles que participassem dos ataques, ateando fogo em ônibus, trens, carros ou qualquer coisa que servisse para impedir a locomoção por vias públicas. Essa ação foi o pano de fundo para a fuga do principal alvo da Polícia. Com essas ações, era impossível o deslocamento das Força Públicas para conter o caos e o terror.
No final da noite, toda a cidade sentia o duro golpe da Milícia. Foram 35 ônibus e um trem incendiados, trabalhadores apavorados sem conseguir voltar para casa. Em uma coletiva de imprensa, o governador nomeava os inimigos públicos do estado, tendo ao fundo as forças públicas divididas, mas na foto oficial para imprensa, todos estavam harmoniosos. A imagem real dessa foto revela um estado sufocado, suplicando por socorro.
A semana passou com o governador tentando apagar o rescaldo dessa ação desastrosa. Sua ida a Brasília teve o objetivo de realizar uma reunião com o Ministro da Justiça; solicitar ao Presidente mais ajuda para o estado e dividir o holofote da imprensa, com Eduardo Paes.
A política de segurança pública exibida ao Ministro Flavio Dino foi uma grande colcha de retalhos. Para o governo federal restou a tarefa correr atrás do dinheiro dessas quadrilhas. A Polícia Federal, Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional só serão usadas em áreas federais e nas investigações com inteligência. A promessa do Ministro é encontrar onde está o dinheiro e, com isso, quebrar as pernas e os braços das quadrilhas. Para o governo federal, o enfretamento é esse, enquanto Claudio Castro cuida o dia a dia.
Lula e Dino não vão abrir mão, nesse primeiro momento, de apresentar para o Brasil a forma como a esquerda lida com segurança pública. Já Castro terá sua chance de apresentar o estilo, tiro, porrada e bomba que a direita tanto conclama. Essa peculiaridade foi vista na segunda ação do chefe de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Ela culminou em uma segunda-feira aterrorizante. As consequências dessa ação são sentidas até o momento. Há informação de que Claudio Castro e sua família estão com a segurança reforçada, por interceptação de escutas que identificaram ameaças de morte a sua pessoa e família.
Na ação de segunda Faustão, o miliciano morto estava portando uma arma do estado na cintura. A arma pertencia a um policial militar, mas o próprio foi à delegacia informar o sumiço dessa arma. Já em suas redes sociais, fotos comprovavam a ligação entre o policial e o bandido morto. Aqui fica a dúvida, será que a polícia civil já sabia dessa “amizade” e por isso só informou a polícia militar no momento da ação? São apenas conjecturas.
A milícia, como todos, vem sofrendo golpes. Um bando que controla outra região da zona oeste, teve seu contador preso e o nome de seu líder revelado pelo governador, como um dos inimigos públicos do estado. Nessa balança, entre milicia e tráfico de drogas, a facção dominante no estado acabou de receber por ordem da justiça federal um traficante de altíssima periculosidade. Assim, fica difícil ser feliz!
Claudio Castro, para muitos especialistas na área de segurança pública, erra feio em manter a política adotada pelo seu antecessor Wilson Witzel. Witzel fez o favor de acabar com a secretaria de segurança pública para dividir a polícia em duas e seguimos assim até hoje. É preciso que o governador tome as rédeas
do estado, principalmente na área de segurança pública, mesmo com a ALERJ disposta a não ajudar. O estado, nesse momento, não pode voltar ao passado de dor e sofrimento, muito menos seguir para um futuro incerto como Castro propagou em seu discurso, ao falar que o crime organizado está infiltrado em quase todos os seguimentos de órgãos públicos, assim como no México e Colômbia.
Só o voto consciente pode virar esse jogo. Nas próximas eleições, todos os cidadãos fluminenses precisam fazer sua parte, votando no candidato certo e realizando uma limpeza, em todos os cargos eletivos desse estado. Esperando dias melhores!
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