Entrevista com o técnico do Botafogo, Jair Ventura
Jair Ventura, técnico do Botafogo, em pouco tempo no cargo levou o Glorioso a uma colocação que pode deixar a torcida em êxtase, ainda esse ano. A tão sonhada vaga para a Libertadores pode acontecer, e segundo Jair, falta apenas 6 jogos.Vai ser jogo a jogo ! Com vocês Jair Ventura. Entrevista realizada em 28 de outubro de 2016,antes do jogo do Botafogo com o Coritiba
Por Josué Júnior
Jair, seu pai, Jairzinho, é um ídolo no Botafogo, clube no qual você tem raízes muito grandes. Em algum momento seu pai interfere aconselhando? Ou você segue com o seu plano sem interferência dele?
Jair Ventura: Não, meu pai não interfere no meu trabalho. Infelizmente, não tenho tido tempo de falar muito com ele. Estou numa correria danada por conta do trabalho, reta final de campeonato. Mas ele não interfere na minha carreira, no meu trabalho.
Assim como o técnico do Flamengo, você está fazendo um trabalho novo e, de jogo a jogo, conforme você gosta de falar. Podemos dizer que os técnicos que fizeram muito sucesso nos anos 90 e 2000, hoje precisam de uma reciclagem como o Tite fez quando foi para Europa?
Jair Ventura: Não podemos generalizar. Acho que têm treinadores novos que estão bem preparados para assumir um trabalho, e têm muitos com uma idade mais avançada que estão atualizados. Não tem a ver com a idade. Cada um tem uma maneira de pensar. Não existe uma maneira única de vencer no futebol.
Por que o Brasil, um país que revela jogadores a cada hora, não consegue um técnico para treinar um time Europeu?
Jair Ventura: O Brasil ficou muito conhecido mundialmente pelo valor individual dos atletas, e não pelo jogo coletivo, tático. O nosso futebol é mais conhecido pela individualidade. Mas isso vem mudando. A tendência é que os treinadores brasileiros possam conquistar cada vez mais espaço na Europa, assim como os argentinos estão conquistando. De maneira gradativa, esse mercado vai chegar para nós brasileiros também.

Fotógrafo: Victor Silva
O Botafogo estava no 17º. lugar na tabela quando você assumiu, e hoje está lutando por uma vaga na Libertadores. O que mudou no time? Sabendo-se que não houve grandes contratações e o Jeferson ainda não jogou sobre o seu comando. O que você fez para o Botafogo chegar a essa colocação no Brasileirão?
Jair Ventura: Não houve mudanças a não ser a saída do Ricardo. De repente, se continuasse, ele poderia obter os mesmos resultados que estamos tendo agora, porque é um excelente treinador. O trabalho que vem acontecendo é fruto de todos, do conjunto, da Diretoria, comissão técnica, e principalmente, dos jogadores. Eles são muito responsáveis pelo grande momento.
No passado você foi demitido pelo então ex-presidente Mauricio Assumpção, mas voltou dois anos depois para ajudar o Botafogo a voltar para a série A. Ficou alguma mágoa do ex-Presidente?
Jair Ventura: Não tenho mágoa nenhuma do antigo presidente. Qualquer sentimento ruim que você carregar te faz mal. Não levo rancor de ninguém. Desejo que ele seja feliz.
Todo trabalho de base é importante, e vimos isso nas Olimpíadas quando o Brasil ganhou o ouro olímpico. Como essa mescla de jogador profissional e os garotos da base se torna uma fórmula de sucesso?
Jair Ventura: Não existe uma única forma de sucesso no futebol. Existem várias. Mas acredito que essa mescla é importantíssima. Conseguir juntar a juventude com alguns jogadores experientes, eu acho o ideal, gosto bastante e acredito. Mas não existe uma só fórmula de sucesso.
O técnico quando está ganhando, vive uma lua de mel com a torcida e o clube que está trabalhando. Mas, quando está vivendo o seu inferno astral tudo muda. Qual o seu pensamento sobre a torcida e os cartolas que interferem no trabalho naquele momento mais critico do técnico?
Jair Ventura: É comum no futebol. É a cultura do nosso futebol. A torcida é o maior patrimônio do clube, é apaixonada! Tem todo direito de gostar ou não. Te colocam no céu quando funciona, e quando não funciona, criticam. A Diretoria tem que tomar decisões. Quando se perde, a culpa é do treinador. Claro que queria muito essa mudança de pensamento. Não é só o treinador que ganha, como não é só ele que perde, o trabalho é de todos. Convivo bem com essa situação, estou no futebol há anos e sei como funciona. É a realidade do nosso futebol.

Fotógrafo: Victor Silva
Você gosta de pensar em jogo a jogo e no foco do seu objetivo. Podemos afirmar que o Botafogo vai estar na Libertadores no ano de 2017?
Jair Ventura: Queria muito poder afirmar que o Botafogo vai estar na Libertadores, mas não tenho bola de cristal. Posso garantir que vamos fazer o máximo para levar o Botafogo o mais longe possível na tabela. Só vamos saber daqui a seis jogos. Vamos dar a vida para que isso possa acontecer, mas não posso te afirmar.
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