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Entrevista com o Vereador Paulo Pinheiro

Foto : Divulgação

Paulo Pinheiro, carioca de São Cristóvão, iniciou sua carreira politica em 1996 sendo impulsionado pelo sanitarista Sergio Arouca para deixar a direção do Hospital Miguel Couto e ingressar no mundo politico. Desde então, sua luta é diária na melhoria do sistema de saúde na cidade do Rio de Janeiro. Com o carnaval chegando fomos conversar com ele para falarmos um pouco sobre saúde pública e o carnaval na cidade do Rio de Janeiro. Com vocês o Vereador Paulo Pinheiro.

 

 

 

                                                                                            Por Josué Júnior

 

 

 Todo ano quando começa o verão na cidade do Rio de Janeiro, e também começa a temporada do turismo, alguns turistas chegam à cidade com uma única intenção, que é o turismo sexual. Baseado nessa informação, o que fazer para prevenir que esse turista não transmita, ou contraia doenças sexualmente transmissíveis (DST)?

 

Pinheiro: Sem sombra de dúvidas, uma das coisas mais importantes no combate às doenças sexualmente transmissíveis é a informação. Nesse sentido, os governantes precisam gerar campanhas de conscientização. Uma população bem informada é uma população mais prevenida. É importante uma ampla divulgação das DSTs e dos métodos preventivos. Já o turismo sexual é outra questão que envolve outros agentes e outras atitudes. O Brasil e, principalmente, o Rio de Janeiro deveriam conseguir se firmar como um dos principais destinos turísticos do planeta, sem precisar recorrer ao turismo sexual. Afinal, somos um país gigantesco, repleto de belezas naturais, construções de valores históricos e um povo muito diverso e hospitaleiro.

 

Quando o carnaval acaba e os turistas vão embora, os casos de DST se elevam consideravelmente, ou já existe uma consciência do folião, e não temos tantos danos?

 

Pinheiro: Atualmente, não existem dados que demonstrem uma variação significativa no período. Mesmo assim, é melhor não descuidar e manter as campanhas voltadas pro público carnavalesco.

 

Hoje todo mundo sabe como se proteger para evitar uma DST. Sabemos também que os jovens estão começando sua vida sexual mais cedo. Com isso, os riscos são cada vez maiores, pois a falta de informação e experiência pode ser um fator importante na transmissão dessas doenças. Como você tem percebido em sua prática o aumento dessas doenças entre os nossos jovens? E como seria uma boa forma de prevenir, para que eles não acabem sendo mais um número na estatística dos que contraíram DST?

 

Pinheiro: Primeiramente, acreditar que todos sabem como evitar DSTs é um erro estratégico. Pode ser que nos principais centros do país, realmente a maioria já tenha sido conscientizada, mas ainda existe muita desinformação sobre o assunto. Quanto à idade com que os jovens estão iniciando sua vida sexual, precisamos tentar lidar com o assunto sem moralismo. Talvez o principal problema seja justamente que esse início precoce ocorra antes do amadurecimento dos indivíduos envolvidos. Novamente, insisto na importância das campanhas informativas. Um jovem consciente provavelmente optaria por praticar sexo seguro.

O aumento do número de casos de HIV entre os mais jovens deve-se principalmente ao fato de termos uma geração que não viveu os anos 80, quando a mortalidade era muito elevada. Os tratamentos cada vez mais eficientes fazem com que muitos jovens minimizem as dificuldades de viver com uma doença crônica como a AIDS. Se por um lado é importante desmistificar o portador de vírus como alguém infeliz e condenado à morte, não podemos esquecer que continuamos falando de uma doença e devemos usar tudo que estiver ao nosso alcance para evitar o contágio.

 

Sabemos que estamos vivendo novos tempos com relação a formas de encontrar o parceiro, ou parceira para a prática sexual. Esse novo conceito mais liberal do corpo pode gerar um novo boom da Aids? O que o senhor pensa dessas tribos, onde toda forma de amor é verdadeira?

 

Pinheiro: Tentar combater a proliferação de DSTs condenando o comportamento sexual dos jovens já se mostrou extremamente ineficiente. Apesar de ser muito feliz com meu estilo de vida monogâmico e heterossexual, não cabe a mim julgar nenhuma tribo ou forma de amor. Se os jovens estiverem bem informados e praticarem sexo seguro, não existe o menor risco de um novo boom.

 

Estamos vivendo tempos difíceis dentro do estado do Rio de Janeiro, principalmente na área de saúde. Entra ano, sai ano e a saúde continua igual. Existe realmente alguma saída para a saúde no município do Rio de Janeiro?

 

Pinheiro: Acredito que sim. Problemas sempre vão existir, é claro, mas podemos melhorar bastante o atendimento. Pessoalmente, defendo principalmente a opção por um servidor público concursado e valorizado. Acho que apenas com um Plano de Cargos, Carreiras e Salários começaremos a avançar de fato rumo a um SUS público, gratuito e de qualidade. Acredito fortemente que Saúde é direito e não um bem de consumo.

 

 

 

 

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Foto : Divulgação

 

 O que se pode esperar do novo Prefeito Crivella para a área da saúde?

 

Pinheiro: Não quero criticar o novo governo precocemente. Todos precisam de tempo para conseguir colocar em prática seus projetos. No entanto, seguirei fazendo meu trabalho de Poder Legislativo, fiscalizando o Executivo. Se o Prefeito Crivella rever as opções erradas nas políticas de Recursos Humanos do governo Eduardo Paes, já será um bom começo.

 

O senhor é oriundo da área da saúde, e já luta há bastante tempo. Poderia nos contar quais foram as suas conquistas nesses anos de luta?

 

Pinheiro: Como oposição e minoria na Casa Legislativa, nossas vitórias foram em lutas de resistência. Fomos voto vencido em 2009, quando Eduardo Paes conseguiu aprovar a lei das Organizações Sociais – uma forma disfarçada de terceirizar o atendimento da Saúde. Desde então, assumimos o importante papel de fiscalizar os contratos entre essas instituições (ditas sem fins lucrativos) e a Prefeitura. Atuamos sempre em parceria com o Tribunal de Contas do Município que invariavelmente encontra falhas e sobrepreço nas prestações de serviços das OSs. Lamentavelmente, apesar das nossas críticas serem técnicas e embasadas, foram constantemente ignoradas pela base aliada do governo. Com isso, a judicialização acabou sendo o único caminho em muitos casos e sempre contamos com o apoio do Ministério Público. Conseguimos várias vitórias que levaram a suspensão de contratos, mas o caso que mais chamou a atenção foi a prisão dos irmãos que desviavam verbas e insumos de hospitais para, entre outras extravagâncias, tratar de cavalos em seus haras particulares.

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Foto : Divulgação

Podemos acreditar em dias melhores em 2017 para a área da saúde?

 

Pinheiro: Se tem uma coisa que aprendi ao longo da minha vida pública foi que nada vêm fácil. Acredito em dias melhores, mas que esse futuro melhor só chegará após muita luta. É por isso que continuo na política. Meu mandato busca estar sempre em defesa de políticas públicas de qualidade e aberto para criticas e sugestões. Assim como fiscalizo o Poder Executivo, acho muito importante ser fiscalizado pelo meu eleitor e pela população de um modo geral. No momento atual, com denúncias quase diárias de corrupção, muitas pessoas estão desiludidas e desistindo de participar do ambiente político. Esse afastamento, no entanto, só favorece o mau político. Toda insatisfação é justa e compreensível, mas devemos tentar torná-la combustível de mudanças positivas.

Seguimos na luta para construir esses dias melhores em 2017.

 

Sobre Josué Bittencourt (1071 artigos)
Josué Bittencourt, carioca, pós- graduado pela faculdade Cândido Mendes. Atua no mercado com sua empresa Arte Foto Design é proprietário do site de conteúdo Linkezine. Registro Profissional: MTb : 0041561/RJ

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