Lula terá algumas tarefas árduas a cumprir aqui no Brasil. A principal é escolher, o mais rápido possível, o nome do futuro Ministro da Fazenda e assim, calmar o mercado….

As reuniões do governo avançam. Geraldo Alckmin segue liderando a equipe sem perder o foco na PEC da Transição. É dela que sairá a principal promessa de campanha de Lula, manter o Auxilio Brasil, que em breve receberá o nome de Bolsa Família, no valor de seiscentos reais. Essa é a missão árdua da equipe que está à frente, costurando acordos e elaborando os argumentos para a aprovação do Congresso. Alguns parlamentares começam a reagir em relação a PEC da Transição. O Senador Plinio Valério, do PSDB AM, fez a seguinte publicação em seu Twitter: “A PEC da Transição pode gerar déficit até o fim do governo de Lula e turbinar dívida pública”. 

Além desse cenário real, temos algumas declarações desconectadas de Lula, no cenário econômico. O mercado vem reagido de forma negativa às declarações, a bolsa operou em queda e o dólar aumentou, e ainda, para piorar o cenário, alguns investidores decidiram aplicar seu capital em outros países, esvaziando o mercado brasileiro. Alguns especialistas do ramo financeiro fazem especulações sobre o governo Lula, que poderá se igualar ao governo Dilma, marcado pelas pedaladas fiscais que levou o Brasil a uma severa crise.

Dentro desse turbilhão, o nome de Guido Mantega foi a primeira baixa, o próprio percebeu o erro e solicitou seu afastamento da equipe de transição, aliás, muitos especialistas deram graças a Deus pela sua saída. Como muitos sabem, o PT possuí várias correntes, Guido Mantega e Aluísio Mercadante pertencem a corrente Dilma Rousseff.

Fernando Haddad, cotado para assumir algum Ministério, viajou de carona no jatinho do empresário José Seripieri Junior, proprietário da “QSaúde”. O jatinho, um Gulfstream G650, com capacidade para transportar 16 passageiros, foi o ponto de encontro de muitas conversas, tanto na ida quanto será na volta. Durante essa viagem, com escala em Portugal, Lula conversou com o presidente Marcelo de Sousa. Provavelmente, José Seripieri Junior, amigo de Lula e ex-investigado da Lava Jato, não está nada incomodado em emprestar seu jatinho, tudo em nome da amizade. Já Haddad terá tempo suficiente para decidir seu futuro dentro do governo, como mencionado, o PT tem várias correntes e uma delas querem Haddad como Ministro da Fazenda para fortalecer sua imagem numa futura disputa presidencial. É cedo para falar de 2026, mas já tem gente pensando nas próximas eleições. O problema são as derrotas em sequência, sofridas por Haddad que desgastaram, ainda mais, sua imagem. Seria melhor o PT pensar em outro nome para a disputa de 2026.

Depois de sua ida à Cop 27 e a Portugal, Lula terá algumas tarefas árduas a cumprir aqui no Brasil. A principal é escolher, o mais rápido possível, o nome do futuro Ministro da Fazenda e assim, calmar o mercado.

Nos bastidores, a Pec da Transição precisa ganhar apoio dos parlamentares para garantir a calmaria do dia primeiro de janeiro de 2023. Lula precisa pensar em nomes para compor seu governo e alguns já pipocam de lá pra cá, um deles é Augusto Aras, o homem da PGR. Podemos dizer que Augusto Aras é o melhor remédio para garantir noites felizes de sono. Foi assim com Jair Bolsonaro e provavelmente será com Lula, pelo menos nos primeiros nove meses.  Aras tem um bom trânsito com o senador Jaques Wagner, que é cotado para algum ministério do governo Lula. Temos também uma outra opção, distante de Lula, mas membro do PT, essa persona é José Dirceu. Mesmo que distante do amigo, sinalizou com um aviso que afirma que Aras é um nome positivo para garantir esse sono tranquilo. Já o próprio Aras reverbera entre seus pares e amigos, que os nove meses que lhe faltam serão “sereno, sem confronto”. Pelo visto, a ideia é não ser enxotado do cargo, no dia 2 de janeiro de 2023.  

Enquanto Lula viaja para a COP 27 e para Portugal num Jatinho, Bolsonaro se mantem em calmaria. O circo pegando fogo e Bolsonaro mudo; o dólar subindo e Bolsonaro em silêncio; a bolsa despencando e Bolsonaro calado. Toda essa calmaria pode ser interpretada como uma forma velada de preservar e incentivar os protestos realizados por seus seguidores.

À margem disso, o PL começa a traçar sua estratégia para o pleito municipal. O plano é mandar Bolsonaro conversar com todos os prefeitos do Brasil para começar a reforçar a base. Aqui no Rio de Janeiro, a expectativa é a soltura de Sergio Cabral. Esse objetivo quase se concretizou na semana que passou, faltou pouco. Nessa semana que se inicia, existe uma grande expectativa para sua saída. Na verdade, este momento está nas mãos de seus advogados. A saída de Cabral vai simbolizar o fim da Lava Jato, e Lula poderá ver seu amigo sorrir novamente.  Será que Cabral terá algum capital político, no estado do Rio, para contrapor Bolsonaro? É ver para crer.

O que posso dizer é que Lula voltou ao cenário mundial de jatinho e em grande estilo, falando para o mundo como será o Brasil em seu governo. Mesmo sem dar a entrevista coletiva na COP 27, as poucas falas que Lula fez, já provocaram alvoroço na imprensa internacional. O que precisamos agora é garantir uma transição positiva para que tenhamos quatro anos, sem turbulência.