Cabral na pista
Já se passaram seis longos anos com o Cabral na tranca. Durante esse tempo muitos intemperes aconteceram, sendo o mais conhecido deles, o momento em que sua cela foi revistada e lá foram encontradas regalias nada comuns para um detento. Foi difícil manter Cabral longe de suas iguarias.
Outra curiosidade eram as audiências a qual ele confrontava o juiz federal Marcelo Bretas, pois seu ego não o permitia ser tratado como um homem comum, ainda mais sendo julgado em crimes de corrupção. Mas, com o passar do tempo, ele modificou sua postura perante o juiz e foi se tornando mais flexível e próximo à realidade, comportamento comprovado a cada audiência e a cada condenação imputada, graças a seus atos ilícitos. Cabral envergou-se perante o juiz, mas não rompeu com sua arrogância nem em seus atos confessos, que somaram mais de 400 anos de detenção.
O tempo passava e Cabral permanecia preso, distante de sua família. Sua ex-esposa Adriana foi a primeira a abandonar o barco, enquanto seu filho Marco Antônio Cabral se candidatava a Deputado Federal Suplente, sendo eleito. Seu outro filho, José Eduardo Cabral, foi preso no mesmo batalhão que o pai, por envolvimento com a máfia dos cigarros.
Esses seis anos foram difíceis e duros, mesmo assim não apagam todo o dinheiro retirado de um estado com várias sequelas como o do Rio de Janeiro. A cidade enfrenta crises na Saúde, Educação, Segurança e tantas outras áreas há anos.
Cabral governou o estado do Rio de Janeiro por oito anos e dentro da sua gestão dois momentos mudariam o destino da cidade: as Olimpíadas e a Copa do Mundo. Esses dois eventos simbolizavam a esperança de mudança para melhor, não somente do estado como de todo o país.
Hoje, no processo da Lava Jato em que Cabral é condenado, se analisa a relação da competência entre o juiz Marcelo Bretas e o ex-Juiz Sergio Moro, ao julgar o processo. Esse entendimento é o suficiente para a contestação do advogado Daniel Bialski: “Esses são casos que foram anulados e serão reiniciados por causa de incompetência. Ele terá nova chance de se explicar e dar a versão que melhor seja de interesse dele. A Justiça não pode ter dois pesos e duas medidas. Todos os outros acusados da operação Lava-Jato foram soltos muito antes. A soltura determinada agora não é uma declaração de impunidade ou inocência. Não foi apenas o Supremo que entendeu que não seria possível que a prisão preventiva dure seis anos” – Daniel Bialski.
Pelo visto, em breve veremos um Sérgio Cabral livre de todas as suas condenações e não é preciso uma bola de cristal para prever o futuro que se aproxima, basta acompanhar a forma como o STF julgou sua soltura. Mesmo Cabral tendo dito: “Esse foi meu erro de postura, apego a poder, dinheiro (…) é um vício.” Depoimento dado ao juiz Marcelo Bretas da 7° Vara Federal Criminal do Rio em 2019, época que o ex-governador era acusado de comandar uma organização criminosa que fraudava licitações e cobrava propina, onde ele admitiu o crime de corrupção em seu governo. Ainda assim, o advogado de Cabral acredita em uma nova chance de se explicar a justiça, caso o processo venha a ser anulado. Cabral tem vinte e quatro condenações, sendo a maior parte por corrupção. Agora é esperar como a justiça irá determinar o andamento de seus processos. O que Cabral já comemora é a sua prisão domiciliar, em um prédio em Copacabana, com vista para o mar e visitas de seus familiares. O Natal esse ano será feliz para Sergio Cabral! Já para os cariocas o que resta é lamentar a decisão que soltou seu maior algoz dentro do estado. Aliás, esses exemplos estão espalhados pelo nosso país, não é mesmo?
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